segunda-feira, março 31, 2008

- Sentes medo?
- Sinto.
- Sentes tristeza?
- Sinto.
- Respira fundo. O que é que vês?
- Vejo uma aura vermelha…
- Continua.
- Sinto qualquer coisa diferente. Um estado de humor alterado. Parece-me revolta!
- Toma mais atenção. Olha com o coração.
- Não é revolta. É raiva, ira, frustração por algo que não devia existir ou que nem sequer existe.
- De quem é essa aura?
- Não sei, é uma imagem muito difusa.
- Volto a repetir: olha com o coração.
- É- me familiar, mas mesmo assim não consigo delinear bem a cara… apenas vejo uma cara desfocada, com dois brilhos que suponho que sejam olhos por cima de uma sombra que parece ser um nariz.
- E agora?
- E agora, o quê?
- Quem te parece que seja?
- Espera… sou eu!
- Consegues compreender agora?
- Acho que sim.
- Então, diz-me, porque achas que sentiste isso?
- Não sei, na altura tudo me parecia tão acertado. Não soube valorizar bem a minha vida, estabelecer prioridades, mudar-me, alterar-me, saborear-me. Deitei tudo por água abaixo. Desiludi muita gente.
- Porque continuas com esse ar derrotado?
- Porque sei que não posso voltar atrás para emendar todos os erros que cometi.
- E agora não podes corrigi-los?
- Como? Às vezes pareces um louco a falar.
- O que é a vida sem uma dose de loucura? Já viste alguém que não tenha mudado a sua vida sem se tornar louca por instantes? Como queres iniciar uma mudança se, loucamente, não largas a segurança de outrora para o desconhecido do futuro?
- Queres que me torne louco para mudar o que fiz?
- Quero que interiorizes que nada é impossível de mudar, nem nunca é tarde para se fazê-lo. Se precisares de um pouco de loucura para alterar o que queres mudar na tua vida, então, utiliza-a com moderação.
- Parece que já tinhas isso tudo muito bem sabido…!
- Parece-me que tu já sabias disto há muito tempo e que não quiseste descobrir a resposta por ti mesmo.

quarta-feira, março 12, 2008




- Tens de ter mais cuidado. Sabes o que acontece quando não fazes o que achas que deves fazer.
- Não me parece que tenha de fazer o que acho se essa ideia me foi imposta por outros!
- É o teu espaço de liberdade.
- É a prisão de mim mesmo!


Olhei para ti e desejei não te ver nesse estado.
As tuas lágrimas difundiam-se nesse teu rosto molhado.
Disseste que ainda me amavas. Morri nesse momento.
Fugi. Fui cobarde, eu sei! Mas era-me insuportável ver-te assim.
Descobriste-me no último momento. Abraçaste-me. Beijaste-me na cara. Prometeste que ficaríamos bem.
Voltei a morrer. Desta vez por dentro.
Não resististe e recomeçaste a chorar.

- Não fizeste o mais correcto.
- Também não me impediste!
- Não há mais ninguém se não tu que te possa impedir. Tu próprio o escolheste.